A crioterapia é utilizada há muito tempo para o tratamento de condições
dolorosas. O edema localizado, secundário a lesão tecidual, é uma condição
comumente encontrada após lesões traumáticas tais como entorses e contusões. A
aplicação de gelo associada a elevação e compressão da região afetada são
medidas simples e universalmente aceitas como forma de tratamento após uma
lesão aguda.
A literatura de língua inglesa descreve 2 protocolos de tratamento: Os
acrônimos RICE (arroz em inglês) e PRICE (preço em inglês). Estas siglas
acabaram sendo adotadas em diversos países, inclusive o Brasil, para designar
algumas condutas a serem seguidas em caso de lesões agudas.
Os protocolos PRICE e RICE tem basicamente o objetivo de minimizar o edema,
aliviar a dor e permitir a recuperação o mais rapida possível.
Vale a pena lembrar que o edema pode ter uma causa inflamatória (trauma)
que é a mais comum, mas também pode ter origem em causas mais complexas como
complicações renais, cardíacas, hepáticas e infecciosas. O aparecimento
injustificável de edema exige investigação médica imediata. Dito isso, volto ao
assunto: na postagem de hoje tratarei dos protocolos de crioterapia utilizados
na tratamento de lesões agudas: o protocolo PRICE e o protocolo RICE.
O Protocolo PRICE
P= Protection ( proteção )
Como os mais atentos devem ter percebido, a única coisa que diferencia os dois
protocolos é a letra “P”. Eu gosto de pensar que o item proteção seria uma
forma “repouso dinâmico”, uma vez que no mundo real ninguém fica em casa com o
pé pro alto repousando devido a uma entorse de tornozelo (a menos que a lesão
tenha sido realmente incapacitante). A área lesada deve ser protegida contra
lesões adicionais pelo uso de órteses ou outros dispositivos para imobilização.
No caso de uma lesão envolvendo os membros inferiores, recomenda-se o uso
muletas para permitir marcha sem descarga de peso. Vale ressaltar que as
órteses imobilizadoras não se limitam aos membros inferiores, existem modelos
para membros superiores e coluna.
R= Rest (repouso ou restrição de atividade)
Uma estrutura lesada sem repouso e submetida a movimentos e sobrecargas
desnecessárias terá seu processo de recuperação atrasado. A recomendação de
repouso em uma lesão aguda é importante por dois motivos. Primeiro para
proteger os tecidos moles afetados de uma lesão adicional. Segundo, o repouso
permite que o corpo se recomponha de forma mais eficiente. No caso de um
atleta, recomenda-se evitar treinos e atividades desportivas que envolvam o
segmento afetado. Neste momento algumas pessoas devem estar se perguntando: mas
quanto tempo deve durar este repouso? Bem, não existe resposta matemática para
isso. O tempo de repouso necessário varia de acordo com a gravidade da lesão,
mas a maioria das lesões menores necessita de um repouso de 24 a 48 horas,
aproximadamente.
I= ICE (gelo)
Apesar de também causar anestesia, não estou falando da Smirnoff ! ! ! !
A aplicação de gelo após lesão aguda é uma medida universalmente aceita na
prática clínica, apesar de não haver consenso na literatura científica quanto a
modalidade ideal, a duração ou a frequência de aplicação do gelo. Os mecanismos
de ação do gelo após lesão musculoesquelética ainda são um assunto controverso,
mas de forma geral, podemos assumir que o gelo é capaz de diminuir a dor local
por reduzir a condução nervosa, além disso, o resfriamento reduz o metabolismo
local minimizando o grau de lesão celular secundária, influenciando assim a
magnitude da resposta inflamatória. Esta resposta metabólica também está
associada a redução do edema e dos espasmos musculares. Pois bem, dito isso nos
resta o ponto mais importante: Qual a dosagem ideal? Neste ponto, eu baseio
minha conduta em um trabalho publicado em 2006 no British Journal of Sports
Medicine e referenciado na base de dados PEDro (pontuação 7 de 10), no qual
bolsas de gelo foram aplicadas em pacientes com entorse de tornozelo por 10
minutos. A bolsa era então removida, deixando o tornozelo repousar em temperatura
ambiente por mais 10 minutos, e após este período, a bolsa era reaplicada por
mais 10 minutos. Esta sequência era repetida a cada duas horas. O resultado do
estudo foi bem interessante e demonstrou ser seguro e efetivo.
C= Compression (compressão)
A aplicação de faixas elásticas auxilia na
drenagem do edema. O propósito da compressão é reduzir a quantidade de espaço
disponível para o edema, limitando assim o inchaço. A compressão pode ser
utilizada tanto para prevenir o aparecimento do edema (como no caso das
grávidas), quando para auxiliar na sua reabsorção (como no caso da lesão
traumática). Algumas pessoas sentem dor devido a compressão. Se o paciente
queixar-se de dor, que está sentindo pulsar, ou se simplesmente sente que a
bandagem está muito apertada, é prudente remover a bandagem e reaplicá-la de
forma um pouco mais frouxa.
E = Elevation (elevação)
Está bem estabelecido que a elevação de um
segmento facilita a drenagem venosa do membro. Em outras palavras: elevar o
membro afetado reduz o edema. O efeito fisiológico e mecânico da elevação faz
com que ocorra urna redução na pressão hidrostática capilar e também uma
redução na pressão de filtração capilar. Esta drenagem é mais eficaz quando a
área lesada é levantado acima do nível do coração. Ex: Se o paciente sofreu uma
lesão em antebraço, deve deitar-se e apoiar o braço sobre travesseiros de modo
que a região lesionada fique mais alta que o tórax. Já que estamos falando de
elevação, vale lembrar que deve-se elevar o segmento e manter as grandes
articulações em discreta flexão ou em extensão, caso contrário, pode-se gerar
estase venosa e linfática conseqüência de drenagem reduzida.
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