Algo
que deixa uma pessoa sem ar remete, geralmente, à coisa boa. Mas nem sempre é
assim. Esse é o caso da asma, doença crônica e sem cura que afeta
aproximadamente 20% da população brasileira, além de matar cerca de seis
pessoas por dia no País. Atento a esses dados alarmantes da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), atualizados no ano passado, o
pneumologista Blancard Torres alerta que a poluição e as mudanças climáticas
são alguns dos principais gatilhos para que os asmáticos sofram crises
recorrentes.
Tosse seca persistente, chiado no peito, falta de ar e cansaço físico são
apenas alguns dos muitos sintomas das desse mal que é considerado um dos
motivos mais comuns para as faltas escolares e no trabalho, além de ser a
quarta principal causa do internamentos hospitalares.
"Não dá para mensurar, mas em tempos de mudanças climáticas, como a troca
das estações, o aumento de atendimento de urgência a pessoas com asma é de, no
mínimo, 20%, mas pode ser muito mais", alerta o especialista. Segundo o
médico, a mudança climática é perigosa porque potencializa outros
desencadeadores da asma, como fungos (que se proliferam no tempo mais frio e
úmido) e os ácaros (que se espalham no tempo quente).
No Recife, setembro foi considerado atípico pela população. Conhecido como a
abertura extraoficial do verão, os dias deste mês trouxeram variações nada
comuns do clima. Enquanto os termômetros registraram máximas de até 35ºC no
Sertão, as mínimas chegam aos 15ºC em regiões como o Agreste do Estado. Já na
capital pernambucana, a marca do 18ºC numa noite recifense foi motivo para
brincadeiras nas redes sociais.
Por
ser considerada comum, a asma pode ser vista como algo banal e simples de
tratar. Porém o pneumologista explica que, apesar dos sintomas desaparecerem
com o tempo, a pessoa nunca está curada e que as crises podem voltar caso o
paciente seja exposto a algum desencadeador. "É incrível como existe
crendice sobre a asma. Tem gente que diz que criar cancão em casa, beber muita
água ou se benzer cura a doença. Isso só faz com que as pessoas não se tratem
da maneira correta", reclama o médico.
A asma é o estreitamento dos brônquios (canais de ar dos
pulmões), o que dificulta a passagem do ar na respiração. A doença acomete
pessoas de qualquer idade, apesar da maioria dos casos ser diagnosticada na
infância ou na terceira idade. Outra característica é que o mal manifesta-se
comumente em pessoas de uma mesma família. Veja na arte o que acontece com os
brônquios quando está saudável e quando está inflamado:
Fonte: Pueri/Clínica
da Criança
Esse foi o caso da família Costa. André, 39 anos, e seus dois filhos Matheus,
12, e Karolina, 19, sofrem com a asma. O pai tinha crises recorrentes entre os
4 e os 12 anos, porém desde a adolescência tem respirado tranquilamente. Já o
filho caçula está há cerca de um ano em tratamento para evitar que as crises,
que estavam sendo diárias, voltem a atormentá-lo. Enquanto isso, a jovem
Karolina é a que menos sofre, desde que ninguém passe por ela com um perfume
muito forte.
"Nós morávamos em São Paulo e saímos de lá, entre outros motivos, por
causa da poluição. Minha filha era pequena e sofria muito. Era muita poeira,
mudanças constantes de temperatura. Sem qualidade de vida", relembra
André, que trabalha hoje no Recife como vendedor. Ele também brincou dizendo
que quando criança sofreu tanto com as crises de asma que "conheceu todos
os hospitais da cidade".
Para o pneumologista Blancard Torres, a poluição é um dos mais sérios
desencadeadores de crises de asma. "O ar que nós respiramos esta cada vez
pior, e o asmático é muito sensível. A poluição é um grande problema de saúde
pública", enfatizou o médico que alertou ainda para o uso indiscriminado
das famosas "bombinhas", usadas para amenizar as crises de tosse e
falta de ar. "Tem paciente que usa a bombinha com broncodilatador de
maneira errada, sem prescrição médica, e aí sim causa pode causar males como
cardiopatias", explicou Blancard.
O ar que nós respiramos esta cada vez pior, e o asmático é muito
sensível. A poluição é um grande problema de saúde pública
O médico pediu que as
pessoas tenham mais cuidado com a saúde dos pulmões. Para ele, mesmo sem os
sintomas, a pessoa que já sofreu com asma deve fazer exames de rotina. "O
paciente precisa de acompanhamento contínuo. Os tipos de asma são diferentes,
por exemplo, tem gente que não deve fazer exercícios, já outros precisam disso
para melhorar a própria saúde".
Fonte: http://ne10.uol.com.br
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