Portadores de hipertensão que
realizaram treinamento de força (musculação) conseguiram reduzir a pressão
arterial a níveis semelhantes aos obtidos por meio de medicamentos, revela uma
pesquisa da USP. O estudo comprova que o treino de força é seguro para os
hipertensos, desde que com acompanhamento médico e de profissionais de atividade física.
O trabalho também mostrou que a redução da
pressão permanece por até quatro semanas após a interrupção do
treinamento.
A pesquisa com hipertensos faz parte
da pesquisa de Doutorado em Biofísica de Newton Rocha Moraes, realizado na
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), orientada pelo professor Ronaldo
Carvalho e co-orientada por Reury Bacurau, professor do curso de Ciências da
Atividade Física da EACH. “Na literatura científica há vários estudos que
mostram o efeito positivo do exercício aeróbio, como corridas e natação, no
controle da pressão”, diz Bacurau, “mas o benefício da
musculação era pouco conhecido”.
Participaram do estudo 15 homens com
hipertensão moderada, que utilizavam medicação, com média de idade em torno de
46 anos. Durante seis semanas antes do início do treinamento, com supervisão
médica, os medicamentos foram gradativamente retirados. “Os pacientes eram
examinados periodicamente e não tinham nenhuma outra doença crônica, como
diabetes”, aponta o professor da EACH. Os exercícios foram realizados durante
12 semanas, trabalhando sete grupos musculares (abdômen, pernas, parte interna
e externa das coxas, ombros, biceps e tríceps) três vezes por semana, em dias
não consecutivos.
Exercícios
de força, como a musculação, ajudam a manter a saúde arterial:
“Apesar do treino ser o mesmo que é
voltado para iniciantes, os participantes realizavam musculação convencional,
ou seja, três séries em cada aparelho com carga moderada, e não em circuito,
mudando de aparelho a cada série, com carga baixa”, ressalta Bacurau. Com o
treinamento, a média de pressão dos pacientes, que era de 153 milímetros
(sistólica, associada ao bombeamento de sangue pelo coração) e 96 milímetros
(diastólica), caiu para 137 milímetros (sistólica) e 84 milímetos (diastólica).
“A redução está no mesmo patamar que é obtido com a medicação”, destaca o
professor.
Redução
De acordo com Bacurau, esperava-se
uma redução média da pressão em torno de 5 milímetros, o que já seria
considerado um resultado satisfatório. “No entanto, esse indice foi de
aproximadamente 13 milímetros, o que comprova o efeito positivo do treinamento
de força”, observa.
Depois do final do período de treino,
os pacientes foram acompanhados durante quatro semanas. “Verificou-se que eles
mantinham o mesmo efeito de queda da pressão registrado durante o tempo de
realização dos exercícios”, afima o professor da EACH. “Este resultado é
importante, porque serve como estímulo ao hipertenso a continuar com a
musculação, ajustando o treinamento às suas necessidades de vida”.
A pesquisa também mostrou que os
participantes tiveram aumento da força física e da flexibilidade. “Há uma
tendência de que a pressão aumente conforme a idade, numa fase em que as
pessoas tem mais dificuldade para se movimentar e menos força para executar até
tarefas simples”, afirma Bacurau. “Antes se acreditava que a musculação poderia
ser perigosa para os hipertensos pelo risco de problemas cardíacos, mas hoje as
pesquisas mostram seu potencial na redução de problemas cardiovasculares”.
O professor recomenda que as pessoas
interessadas em fazer treinamento de força procurem orientação de médicos e
profissionais de atividade física. “O ideal é fazer mais de um tipo de
exercício, realizando também atividades aeróbias, que já tem efeito comprovado no
controle da pressão arterial, além de outros benefícios”, conclui.
Fonte: JB On line
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